quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Há qualquer coisa de sublime na mao quente que se estende
No olhar cúmplice em que habito
Tao egocentricamente plano a ogiva dos meus dias
São delírios de um vendaval calmo em que me torno no teu leito.
Sao palavras floridas num caminho acabado,deserto.

Inacabado)

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Versos

São versos pequenos e simples, amigo.
Versos não são mais que isso. E não mais que eu a definir-me neles ao encontrar de frente o esplendor da vida.
São pássaros, são flores, é sol, é chuva,vento e calmaria. É a vida,amigo.
E nestas linhas retrato conscientemente os sentidos pouco apurados da minha individualidade.
Reconheço à noite a minha incompreensão da vida, aquela que se desfruta na essência do ser.
Como são vulgares estes versos que te escrevo,amigo.
E, neles carrego aquilo que quiçá ainda que essencialmente não descobriste.
É a vida e sentir a essência de tudo.
E morrer com o voo dos pássaros, respirar o cheiro das flores, sentir o calor do sol e sentir limpeza da chuva, o esvoaçar do vento e as suas controversas direções.
Símbolo mais que vida, é a verdadeira essência de ti e da vida.
Amigo.

terça-feira, 25 de julho de 2017

Ampulheta

Estranha sensação indescritível.
Confusão mental incessante.
O redescobrir de um sonho quebrado como fragmentos de um castelo na areia.
Ampulheta da vida em constante inversão. Infindável momento.
Pegada na areia solitária como se me acompanhasses divinamente.
Conforto afável que encontro ao pousar os meus olhos descrentes nos teus desígnios escritos, na mera impossibilidade de transpo-los emocionalmente!
Caminho trilhado em areia movediça em ampulheta imperfeita.
Despreocupada num tempo compassado provido de preocupação.
Presa no decorrer do tempo e abençoada do parar frenético do mesmo,daquele que sustenho no peito.
Que insistentemente imortalizo na caixa das recordações esculpidas.
Visão agradável daquilo que quero que seja.
Consciência sufocante!
Sinto a vitória interior alcançada em pés lamaçentos.
E o escrutínio irreversível.
Um sorriso cheio de tristeza.
Um olhar brilhante de tantas lágrimas.
Um riso que não faz eco.
Um fim de tarde que se finda.

É  o sol de outra tarde.
A brisa suave de outro Verão.
Os acontecimentos mundanos repletos de consentimentos controversos.
O estar do estar.
O existir do existir.

E nisto, dou por mim a ter consciência do que escrevo e portanto vivo numa loucura reconhecida por mim mesma.
Saudade do tempo da escrita compulsiva, do abstraccionismo intelectual,do pulsar escrito! Sentir em pleno a satisfação insatisfeita e o acordar concretizado daquilo que deveria ser.

Olho pela vidraça desta ampulheta surreal e mergulho os pés na areia numa tentativa de descanso.


sexta-feira, 2 de junho de 2017

Infâmia


Palavras que encerram a minha alma por inteiro.
Desfizera me de romances íntimos e abstratos numa intenção concreta de levitar.
Em que o cepticismo rompera a rasgos de navalha a lucidez divina de ser se cego.
Os meus últimos confins do desespero e cepticismo progressivo e natural fizeram me estremecer no batimento mecânico que estagnou como fogo que abraça o piso gélido.
Um mistério incrédulo de conjecturas que deixo para depois, talvez quando o sol beijar o mar e a brisa crepuscular acalmar este inexistente e gélido batimento.
É um quadro escuro a gosto, retocado de tons de tonalidade azul escura do mar, aperfeiçoado no debruçar extasiado daquele que nunca encontra o sossego.

Perco-me em ti.

Não num capricho presunçoso daquele que afirma que ama por vaidade mas sim, como uma tempestade de riso e choro que se avista no horizonte.
Metáforas românticas e lágrimas diluídas em copos de vinho na infâmia de se ser e, pesa-me este riso melancólico padronizado no suposto, num quase dever cumprido ao olhar que espreita.
Estarei sempre sobre o véu de uma sonhadora infame.
És terna recordação dos melhores atos infames do véu rasgado, horizonte sem limites.
Levito.
Infâmia.

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Divagações Secretas

Enquanto a tarde caí nas ondas,
E a melancólica chuva precipita-se no piso térreo
Dou por condicionado o desejo de sobrevoar.
De me molhar livremente nos altos céus e observar lá de cima a decadência que repudio, que inversamente me acomodo!
Ofusco na impossibilidade da linha do horizonte, abismo incompreendido onde colide o céu e o mar.
A brisa traz ao de leve uma tranquilidade desafiante.
E um desejo de me sentir alienada no quase parar pulsante!
Do cessar desconfiado de um vulcão adormecido.
E, enquanto a tarde for tarde, trará sempre o refúgio da noite em que me deito ao abrigo de uma manto negro de ouro cintilante.
E rezo por mais uma noite, mais uma breve contemplação..um breve fundir quase que em devaneio crente do abismo que existe entre o céu e o mar.
Por mais uma noite de companhia lunar, num refúgio quase meu, de um suspiro escondido, de uma lágrima por brotar.

sábado, 18 de março de 2017

Sem nexo

Esplanada vazia.
Sentada numa mesa igual as de mais.
Queria escrever-te sem grandes ambiguidades o esplendor de um silêncio cómodo de uma tarde sem nexo.
Puder temer o que está prestes a florir num jardim deserto.
Dizer-te sem rodeios o que não faz qualquer sentido tal como este deserto de palavras silenciosas que surgem como flores a brotar.
É uma mera tarde de primavera onde me esqueci onde me situo.
Nada mais passará de uma esplanada vazia, de uma pessoa silenciada na calamidade de uma nova estação,onde não se passa nada e o nada é tudo o que se passa.
Queria dizer-te,novamente, aquilo que nunca te disse.
E,quiçá, porventura nunca consiga dizer. Se não fosse a esplanada vazia, a primavera e as palavras que desertificaram numa razão sem nexo.
Puder gritar,sem me ouvir, às pessoas fictícias que me rodeiam, sem lhes ter nada para dizer, se não fosse o espaço amplo e vazio que gostaria de preencher.
Despedi-me à muito tempo das presenças da conveniência social e a materialização que acumula nos ombros já gastos, o insuportável.
E,desprendo-me quase inconscientemente do fenómeno natural de uma flor que brota na primavera .
Toda essa beleza inigualável e irreverente dos processos naturais, distanciando-me do poder de uma mente cega.
Será sempre uma primavera repetitiva, uma esplanada,uma mesa, um cigarro cansado em mão aborrecida e monótona de um reflexo interior paradoxal.

Não procuro a primavera nem a esplanada vazia.
Nem o significado ambíguo que poderia definir em ambos mundos.
Será sempre uma esplanada cheia de vazios e uma esplanada vazia de pessoas cheias.

No novo dia que nasce, o que nasceu, não nasce.
Talvez outras razões para me deslocar sem me mover... daquilo que se desertificou nas estações renováveis,modificadoras.
Já fui flor e já fui parte de esplanada cheia e cómoda e conveniente ..material e Real.
Prefiro o sem nexo e essa é a natureza distinta e amarga da primavera controversa e ambígua.
Queria dizer-te sem rodeios que a presença existencialista e humana de nada se equipara ao conceito interpretativo e cósmico de mundo.
Porém, é apenas uma mera tarde primaveril sem nexo.

quinta-feira, 2 de março de 2017

Onda que colide

Dou me palmadinhas nas costas e desvio o meu olhar derrotado do espelho.
Sorrio.
Será muito mais que isso.
Será muito mais que o pesar dos vossos sofrimentos que carrego aos ombros.
Fardo que seguro de bom grado.
Agradeço de lágrimas presas na garganta o sufoco representante da minha boa vontade e da vossa escolha em mim.
Cara trancada, lágrima por brotar, quem sou eu neste mundo que não contemplo.
Sufoco me neste mar que me rodeia
Neste templo de agitações marítimas e ventos cortantes.
Quero ver as ondas revoltas, sentir me em cada encontro à costa. Sentir aquilo que não expresso e que quiçá a natureza agoniante representa melhor que eu.
Filhos dos desígnios endemoniados, dos tropeços artimanhos, das palavras venenosamente verbalizadas, olhar matreiro e cínico,aguardando o desabar da arriba.
Mortes humanas ainda vivas, provenientes da opção maquiavélica e triunfante!!!
Pertenço-me sem me pertencer.
E cada fragmento meu é vosso amigos...
Abraço de bom grado este pesar que voces sentem porque o meu mar é revolto e observo de lágrima invisível a inigualável beleza da onda que colide.