terça-feira, 25 de julho de 2017

Ampulheta

Estranha sensação indescritível.
Confusão mental incessante.
O redescobrir de um sonho quebrado como fragmentos de um castelo na areia.
Ampulheta da vida em constante inversão. Infindável momento.
Pegada na areia solitária como se me acompanhasses divinamente.
Conforto afável que encontro ao pousar os meus olhos descrentes nos teus desígnios escritos, na mera impossibilidade de transpo-los emocionalmente!
Caminho trilhado em areia movediça em ampulheta imperfeita.
Despreocupada num tempo compassado provido de preocupação.
Presa no decorrer do tempo e abençoada do parar frenético do mesmo,daquele que sustenho no peito.
Que insistentemente imortalizo na caixa das recordações esculpidas.
Visão agradável daquilo que quero que seja.
Consciência sufocante!
Sinto a vitória interior alcançada em pés lamaçentos.
E o escrutínio irreversível.
Um sorriso cheio de tristeza.
Um olhar brilhante de tantas lágrimas.
Um riso que não faz eco.
Um fim de tarde que se finda.

É  o sol de outra tarde.
A brisa suave de outro Verão.
Os acontecimentos mundanos repletos de consentimentos controversos.
O estar do estar.
O existir do existir.

E nisto, dou por mim a ter consciência do que escrevo e portanto vivo numa loucura reconhecida por mim mesma.
Saudade do tempo da escrita compulsiva, do abstraccionismo intelectual,do pulsar escrito! Sentir em pleno a satisfação insatisfeita e o acordar concretizado daquilo que deveria ser.

Olho pela vidraça desta ampulheta surreal e mergulho os pés na areia numa tentativa de descanso.


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