sábado, 8 de outubro de 2016

Lamentos.

Desvendo-me.
E em mim encontro escombros que percorres de olhos vendados
Promessas que não posso sentir 
Nem tu, sabes se percorres
Desculpa-me.
Por te esperar
E nem o meu esperar ser sincero 
Sou um ser inacabado
Desculpa-me o incompleto.
O que me foi roubado
Infortunado sentir
Desculpa-me.
Ver o reflexo do que me foi destinado
Pedir-me aos céus de coração gasto
E mãos descrentes apertadas
Em juras que não posso cumprir.
Desculpa-me.
A consciência vã e o ato impensado
O querer querer-te e tudo estar condenado 
Desculpa-me.
Se tudo é falácia de um passado sentido 
E eu não passo de uma página improvisada em que tudo será esquecido.
Desculpa-me.
Se cada vez que acreditei em mim´
Foi um reforço em ti
E tudo o que perdi
Já o tinha perdido
Ilusão. Criação.
Desculpa-me.
Por me achar amante 
E nada sentir
Faz-me acreditar
Não custa pedir
Aquilo que julgo que sinto .
Desculpa-me.
Ainda acredito que não minto 
E tudo o que digo, não sinto.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Constelação escurecida

Vejo-te e revejo-te no passado, no presente que me condena
No futuro que me assombra
És o exemplo de uma vida contida, de uma paixão enlouquecida, de um beijo fugaz de vida
Trazes como o vento que passa docemente, memórias amargas de escolhas inconsequentes, mares calmos de tempestades dormentes, de lutas egoístas e cegas!
Escrava dos escravos do mundo. 
Dos que escolheram a prisão à liberdade.
Dos que não sobreviveram.

Escrava do bater dentro da alma.
Alma perdida na razão inexistente
Percorres caminhos conscientes e controversos
Sonhos construídos em pontos que se unem como estrelas.

Constelação escurecida.

Olho-te.
A tua cara escrava e amarelecida
Os teus olhos escurecidos e impávidos
A tua voz que endurece como se de uma armadura se tratasse
Mãos doridas de tanto se apertarem em rezas vãs e empobrecidas.
Rezas outrora ouvidas e interiormente esquecidas.
Esquecimento sentido do que agora é pensado.
Julgado e condenado.

Escrava dos seus próprios enganos
Tirana dos que faz sentir
Dos que ainda estremecem de cada estrela que cai.

Derrota vencida
Tragos sôfregos e inconsequentes.

Apenas estrelas.
Ditas próximas mas distantes.
A nossa é escurecida.
Feliz criação humana.