segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Interminável Hora

Ceguei.
Ceguei por completo.
E neste caminho infindável  repleto de encruzilhadas.
O visível torna-se negro e imperceptível.
Passo a passo, caminho de forma serena. 
O simples estar e não conseguindo observar os cenários que se avizinham.
A estrada é preta e as paredes são amarelas e eu... caminho serenamente.
No plácido intervalo de tempo observo as fissuras da estrada e os buracos que a compõem..
E nesse instante..retomo a caminhada.
Os pássaros aqui já não passam e as flores secaram perdendo a delicadeza de outrora.
As nuvens estão carregadas de um cinzento já conhecido.
Sinto as pernas a fraquejar de cansaço, o batimento a acelerar.
O fim é o começo.  
Ceguei.
E vejo um pássaro a sobrevoar-me. Olha-me de passagem mas não fica. E eu voo com ele em despedida!
As árvores são verdes e falam ao vento secando quando passo.
Ceguei na caminhada descodificada. 
No percurso que nada permanece e tal como as estações cinzentas mutáveis, o caminho é infindável.
Ceguei.. e o sol ofusca-me, os olhos ardem-me.
As pálpebras rasgam-se, cego, caminho.
Não há fim nesta trajetória. Nem pássaro que voa, nem sol que ilumine, nem cor amarela nas paredes, nem estrada conturbada.
Serenamente caminho cegando na passagem, adormecendo nos sentidos, escureço.
Cego na interminável hora.
Contemplo tudo isto e, no entanto, caminho serenamente.
Batimento imprevisível, apertado, passo iluminado.
Imagino-me a ser pásssaro que voa despreocupado no livre voo que segue, desvendando ao longe o fim da estrada.
Quero ser pássaro livre na interminável hora.
E cego.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Muralha

É incalculável os abismos em que te perdes,

E insondável as paredes da muralha que te limita,

Julgamos pontes os sonhos que enraizamos,

Criamos Deuses heroicos nas vivências mundanas de olhos baços e determinados,

Fugimos dos portões que nos dão a liberdade,

Impomos muralhas com medo de nos sentirmos encurralados.

Trancamos portões sem chave,

Abraçamos vazios em concordância,

Escutamos vozes revoltas em silêncio,

Procuramos refúgios que transpõem o imaginário,

Quando nos damos por inteiros, acabados, estagnados.

Muralha.

Sobrevoo-a contemplando o horizonte.

Explorando os limites cósmicos da inteligência humana,


Transpondo sentimentos incompreendidos,

Negando-os na liberdade limitada,

Vidas complexas indiretamente conectadas,

Sofridas na dor inexplicável,

Sonho inoportuno da muralha que cai,

Apagão mental reduzido a cinzas,

Renasce o novo dia,

A nova alma,

Muralha interior que não contemplo.

Asfixia do sentir.

Respiro.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Lua Gigante - Controvérsias vividas.






Na rua chove torrencialmente.
Dentro de casa, observo a chuva copiosa na janela,
Senti a chuva molhar-me as faces,
A brotar de mim a natureza entristecida.
Senti-me a transformar num vulcão adormecido, num tornado enfurecido, dando à natureza a oportunidade de me preencher.
De me acompanhar neste trajeto sem Sentido.
Medito.
Desassossego calmo.
Sorriso contrafeito.
Não me sentido completo dentro de mim mesmo.
A vida a atravessar-me diante dos olhos
A perder-me no tempo como areia que escasseia por entre os dedos.
A viver as reminiscências de um passado que me foi retirado.
A agarrar os sonhos,à procura da resposta.
Não há resposta.
A resposta,tudo o que me habita. E tudo o que te habita.
Á nossa!
Este sou eu.

Renego a injustiça e a cobardia do mundo a sobrepor-se aos olhos sonhadores.
E só me resta o reflexo daquilo que era.
Em plena discordância com os desígnios de Deus.
Em concordância comigo mesmo,
Dei passos lentos para trás carregando os males, as dores alheias.
Agradecido pela utilidade dentro da inutilidade que me foi docemente oferecida.
Senti-me forte.
Insistentemente lúcido no mal imposto.

Na rua, a lua está gigante
E dou por mim com o coração do tamanho da lua
Com a força infindável do Universo!

No meio da escuridão,existe luz!
Por mais pequena que seja.
Hoje a Lua está linda e a sua luz é imensa.
Em plena comparação à imensidão do Mundo que me rodeia
Senti-me finalmente merecedor do existir
Viver, respirar e concretizar os meus
sonhos!

Olho para o céu, lua, vida..
Qual é a resposta?
Perdi-me na pergunta.

Sentido da vida.