sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Fado e Pecado






Nos tenebrosos aposentos mentais,
Debruço-me sob as possibilidades, os sonhos desmedidos, os amores perdidos.
Relembro abraços quentes, apaixonados e leais.
Relembro o olhar cúmplice, o riso contagiante e a palavra compreendida.
Relembro o que ao lembrar, sinto. O que se tenta esconder.
A lucidez procura o devaneio.
O conforto cômodo.
A noite singela.
O ser desumano.
O sonho incompleto.
Sinto a fantasia da humanidade e, no entanto,
Preciso do corpo gélido e animal do desenfreado tato humano
Cega nos espasmos do prazer momentâneo.
Surda na sensibilidade das vibrações sonoras. 
Muda naquilo que não deve ser pronunciado. 
Beijo traidor que é o sentimento condenado.
Condena-me o devaneio sentido.
A fraqueza carnal.
O arquejo cúmplice.
O beijo pecador.
O pecado consumado.
O sentimento duplamente condenado.

Fado e Pecado.




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